Este é um espaço para publicar meus pensamentos, convicções, idéias de forma ética, sejam elas teólogicas ou de práticas eclesiológicas, buscando e defendendo a autenticidade bíblica. " O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons". Quero interagir com você e ter o privilégio de saber que você leu o que escrevo. Sinta-se em casa.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Let it Rain - Anthony Evans

O Colapso do Movimento Evangélico



Dois pastores paulistas se fantasiam de Fred e Barney. Isso mesmo, fantasiados de Flintstone, entre gracejos ridículos, acreditam que estão sendo "usados por Deus para salvar almas". Na rádio, um apóstolo ordena que tragam todos os defuntos daquele dia, pois ele sente que Deus o "ungiu para ressuscitar mortos".

Os jornais denunciam dois políticos de Minas Gerais, "eleitos por suas denominações para representar os interesses dos crentes", como suspeitos de assassinato. O rosário se alonga: oração para abençoar dinheiro de corrupção; prisão nos Estados Unidos por contrabando de dinheiro, flagrante de missionários por tráfico de armas; conivência de pastores cariocas com chefões da cocaína .

Fica claro para qualquer leigo: O movimento Evangélico brasileiro se esboroa. O processo de falência, agudo, causa vexame. Alguns já nem identificam os evangélicos como protestantes. As pilastras que alicerçaram o protestantismo vêm sendo sistematicamente abaladas pelo segmento conhecido como neopentecostal. Como um trator de esteiras, o neopentecostalismo cresce passa por cima da história, descarta tradições e liturgias e se reinventa dentro das lógicas do mercado. É um novo fenômeno religioso.

É possível, sim, separá-lo como uma nova tendência. Sobram razões para afirmar-se que o neopentecostalismo deixou de ser protestante ou até mesmo evangélico.É uma nova religião. Uma religião simplória na resposta aos problemas nacionais, supersticiosa na prática espiritual, obscurantista na concepção de mundo, imediatista nas promessas irreais e guetoizada em seu diálogo cultural.

Mas a influência do neopentecostalismo já transbordou para o "mainstream" prostestante. O neopentecostalismo fermentou as igrejas consideradas históricas. Elas também se vêem obrigadas a explicar quase dominicalmente se aderiram ou não aos conceito mágicos das preces. Recentemente, uma igreja batista tradicional promoveu uma "Maratona de Oração pela Salvação de Filhos Desviados".
Pentecostais clássicos, como a Assembleia de Deus, estão tão saturados pela teologia neopentecostal que pastores, inadvertidamente, repetem jargões e prometem que a vida de um verdadeiro crente fica protegida dentro de engrenagens de causa-e-efeito. Os "ungidos" afirmam que sabem fazer "fluir as bênçãos de Deus". É comum ouvir de pregadores pentecostais que vão ensinar a "oração que move o braço de Deus”.

O Movimento Evangélico implode. Sua implosão é visceral. Distanciou-se de dois alicerces cristãos básicos, graça e fé. Ao afastar-se destes dois alicerces fundamentais do cristianismo, permitiu que se abrisse essa fenda histórica com a tradição apostólica.

1. A teologia da Graça

Desde a Reforma, protestantes e católicos passaram a trabalhar a Graça como pedra de arranque de um novo cristianismo. O texto bíblico, “o justo viverá da fé”, acendeu o rastilho de pólvora que alterou a cosmovisão herdada da Idade Média. A Graça impulsionou o cristianismo para tempos mais leves. Foi a Graça que acabou com a lógica retributiva que mostrava Deus como um bedel a exigir penitência. Devido a Graça entendeu-se que a sua ira não precisa ser contida. O cristianismo medieval fora infectado por um paganismo pessimista e, por isso, sobravam espertalhões vendendo relíquias e objetos milagrosos que, segundo a pregação, "garantiam salvação e abriam as janelas da bênção celestial”.
Lutero, um monge agostiniano, portanto católico, percebeu que o amor de Deus não podia ser provocado por rito, prece, pagamento ou penitência. Graça, para Lutero, significava a iniciativa de Deus, constante, unilateral e gratuita, de permanecer simpático com a humanidade. Lutero intuiu que Deus não permanecia de braços cruzados, cenho franzido, à espera de que homens e mulheres o motivassem a amar. O monge escancarou: as indulgências eram um embuste. Assim, Lutero solapava o poder da igreja que se autoproclamava gerente dos favores divinos.

Passados tantos séculos, o movimento neopentecostal, responsável pelas maiores fatias de crescimento entre evangélicos, abandonou a pregação da Graça. (É preciso ressaltar, de passagem, que o conceito da Graça pode até constar em compêndios teológicos, mas não significa quase nada no dia-a-dia dos sujeitos religiosos).

Os neopentecostais retrocederam ao catolicismo medieval. É pre-moderna a religiosidade que estimula valer-se de amuletos “como ponto de contato para a fé”; fazerem-se votos financeiros para “abrir as portras do céu”; “pagar o preço” para alcançar as promessas de Deus. Desse modo, a magia espiritual da Idade Média se disfarçou de piedade. A prática da maioria dos crentes hoje se concentra em aprender a controlar o mundo sobrenatural. Qual o objetivo? Alcançar prosperidade ou resolver problemas existenciais.


2. A compreensão da Fé

“A Piedade Pervertida” (Grapho Editores) de Ricardo Quadros Gouvêa é um trabalho primoroso que explica a influência do fundamentalismo entre evangélicos.

“O louvorzão, assim como as vigílias e as reuniões de oração, e até mesmo o mais simples culto de domingo, muitas vezes não passam de um tipo de superstição que beira a feitiçaria, uma vez que ele é realizado com o intuito de ‘forçar’ uma ação benévola da parte de Deus, como se o culto e o louvor fossem um ‘sacrifício’, como os antigos sacrifícios pagãos. Neste caso, não temos mais liturgias, mas sim teurgias, nas quais procura-se manipular o poder de Deus” (p.28).
Ora, enquanto fé permanecer como uma “alavanca que move os céus”, as liturgias continuarão centradas na capacidade de tornar a oração mais eficaz. Antes dos neopentecostais, o Movimento Evangélico já se distanciara dos Místicos históricos que praticavam a oração com um exercício de contemplação e não como ferramenta de como tornar Deus mais útil.

Fé não é uma força que se projeta na direção do Eterno. Fé não desata os nós que impedem bênçãos. Fé é coragem de enfrentar a vida sem qualquer favor especial. Fé é confiança de que os valores de Cristo são suficientes no enfrentamento das contingências existenciais. Fé aposta no seguimento de Cristo; seguir a Cristo é um projeto de vida fascinante.

O neopentecostalismo ganhou visibilidade midiática, alastrou-se nas camadas populares e se tornou um movimento de massa. Por mais que os evangélicos conservadores não admitam, o neopentecostalismo passou a ser matriz de uma nova maneira de conceber as relações com o Divino.

A alternativa para o rolo compressor do neopentecostalismo só acontecerá quando houver coragem de romper com dogmatismos e com os anseios de resolver os problemas da vida pela magia.

O caminho parece longo, mas uma tênue luz já desponta no horizonte, e isso é animador.

Autor: Pastor Ricardo Gondim

Fonte: www.ricardogondim.com.br

ORE E PENSE!

Reflita!

Meu Coração - O Lar de Cristo
Robert Boyd Munger


Sem dúvida uma das mais notáveis doutrinas cristãs é que o próprio Jesus Cristo, através da presença do Espírito Santo, realmente entra no coração para se estabelecer e ali sentir-se em casa. Cristo faz do coração humano a sua habitação.

O nosso Senhor disse aos seus discípulos: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14:23). Era difícil para eles entenderem o que Jesus estava dizendo. Como seria possível ele fazer a sua morada com eles neste sentido?

É interessante notar que o nosso Senhor usou a mesma palavra nesta passagem que usou em Jo 14:2,3: "Vou preparar-vos lugar para que onde eu estou estejais vós também". O nosso Senhor estava prometendo aos seus discípulos que, assim como ele ia para o céu preparar-lhes um lugar onde um dia lhes daria as boas-vindas, agora os discípulos podiam preparar um lugar para, o Senhor nos seus corações, para que assim ele viesse e, fizesse morada com eles.

Eles não podiam compreender. Como poderia ser isto? Então veio o Pentecostes. O Espirito do Cristo vivo foi dado à igreja e agora então eles compreenderam Deus não habitava no templo de Herodes em Jerusalém. Deus não habitava num templo feito com mãos, mas agora, pelo milagre do Espirito derramado, Deus podia habitar nos corações humanos. O corpo do crente seria o templo do Deus vivo e o coração humano seria o lar de Jesus Cristo. É difícil imaginar um privilégio mais alto do que fazer para Cristo um lar no meu coração, para receber, servir, agradar e ter comunhão com ele ali dentro.

Uma noite, que jamais poderei esquecer, convidei-o a entrar no meu coração. E que entrada ele fez: Não foi uma experiência espetacular ou emotiva, porém muito real. Aconteceu no próprio âmago da minha vida. Ele entrou na escuridão do meu coração e acendeu a luz. Fez uma fogueira na lareira apagada e baniu a frieza. Fez-me ouvir música em substituição ao silêncio e preencheu a vacuidade com sua intima, amorosa e maravilhosa comunhão. Nunca me arrependi de ter aberto a porta para Cristo e nunca hei de me arrepender - nem por toda a eternidade: Este é, evidentemente, o primeiro passo para fazer do coração o lar de Cristo. Ele já disse: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo" (Ap 3:20). Se você está interessado em fazer da sua vida uma habitação do Deus vivo, permita-me encorajá-lo a convidar Cristo ao seu coração e ele certamente o fará.

Depois que Cristo entrou no meu coração, no gozo deste relacionamento recém descoberto, eu lhe disse: "Senhor, quero que este meu coração pertença a ti. Quero que estabeleças morada aqui e que te sintas inteiramente à vontade. Tudo que tenho te pertence. Deixa-me mostrar-te todas as coisas e apresentar-te as diversas partes da casa para que tu te sintas mais confortável e tenhamos maior comunhão juntos." Ele ficou muito contente, ë claro, e mais feliz ainda por receber um lugar no meu coração.

A BIBLIOTECA

A primeira sala foi a sala de estudos - a biblioteca. Vamos chamá-la o escritório da mente. Na minha casa esta sala da mente é um cômodo muito pequeno com paredes bem espessas. Mas é uma sala importante. Num sentido é a sala de controle de toda a casa. Ele entrou ali comigo e olhou ao redor dos livros na estante, as revistas sobre a mesa, aos quadros na parede. A medida que fui seguindo o seu olhar fiquei inquieto. Por estranho que pareça, eu não havia me sentido mal quanto a isso anteriormente, mas agora que ele estava lá olhando para aquelas coisas fiquei embaraçado. Os seus olhos eram puros demais para contemplar alguns dos livros que ali estavam. Havia muito lixo e literatura na mesa que um cristão nunca deveria ler, e quanto aos quadros na parede - as imaginações e pensamentos da minha mente - eram vergonhosos.

Virei para ele e disse: "Mestre, sei que esta sala precisa de uma mudança radical. Tu me ajudarás a fazer dela o que deveria ser -- e trazer todo pensamento cativo a ti?"

"Com certeza", ele disse. "Com alegria o ajudarei. Este é um dos motivos que estou aqui. Primeiro, pegue todas as coisas que você está lendo, e vendo que não são edificantes, puras, boas e verdadeiras, jogue-as fora' Agora coloque nas estantes vazias os livros da Bíblia. Encha a biblioteca com as Escrituras e medite nelas dia e noite.

Quanto aos quadros na parede, você terá dificuldade em controlar essas imagens, mas eis aqui uma ajuda." Deu-me então um quadro de tamanho real dele mesmo: "Pendure isto", ele disse, "no centro da parede da sua mente." Fiz assim e descobri através dos anos que quando meus pensamentos estão centrados no próprio Cristo, sua pureza e poder afugentam as imaginações impuras. Assim ele tem me ajudado a levar cativos os meus pensamentos.

Se você tem dificuldade com esta pequenina sala da mente, eu gostaria de sugerir que você introduza Cristo ali. Sature-a com a Palavra de Deus e mantenha diante dela em todo tempo a presença imediata do Senhor Jesus.

A SALA DE JANTAR
Do escritório fomos para a sala de jantar, a sala dos apetites e desejos. Esta era uma sala muito grande. Eu passava muito tempo na sala de jantar e despendia muito esforço satisfazendo minhas necessidades.

Falei com ele: "Esta é uma sala muito espaçosa e tenho bastante certeza que o Senhor vai gostar do que servimos aqui."

Ele sentou-se à mesa comigo e perguntou: "Que cardápio temos para o jantar hoje?"

"Bem", eu disse, "meus pratos prediletos: ossos velhos, alfarrobas, repolho azedo, cebolas, e alho, vindos diretamente do Egito." Eu gostava justamente destas coisas - uma alimentação mundana. Suponho que não havia nada radicalmente errado com nenhum desses itens em si, mas não era o alimento que deveria satisfazer a vida de um verdadeiro cristão. Quando a comida foi posta diante dele, ele nada comentou sobre ela. Porém, observei que nada comia, e perguntei-lhe, um tanto incomodado: "Salvador, não te agradas do alimento que foi posto diante de ti? Qual o problema?"

Respondeu-me: "Tenho uma comida para comer que você não conhece. A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou." Olhou novamente para mim e disse: "Se você quiser uma comida que realmente o satisfaça, busque a vontade do Pai, não os seus próprios prazeres, não seus próprios desejos, não a sua própria satisfação. Procure agradar-me, e esta comida o satisfará." E ali em volta da mesa, ele me fez experimentar o gosto de fazer a vontade de Deus. Que sabor: Não há comida semelhante no mundo inteiro: Somente ela satisfaz. Tudo mais no fim nos deixa insatisfeitos.

Agora se Cristo está no seu coração, e creio que de fato está, que tipo de comida você lhe oferece e que tipo de comida você mesmo usa? Você está vivendo para a cobiça da carne e para a soberba da vida - egoisticamente? Ou você está escolhendo a vontade de Deus para ser sua comida e bebida?

A SALA DE VISITAS

Entramos em seguida na sala de visitas. Esta sala era bastante intima e aconchegante. Eu gostava dela. Tinha uma boa lareira, poltronas confortáveis, uma estante de livros, um agradável sofá, tudo num ambiente tranqüilo.

Ele também parecia se agradar do ambiente. Disse-me: "Esta é, de fato, uma sala aprazível. Venhamos para cá freqüentemente. É um lugar retirado e quieto onde podemos ter comunhão juntos."

Ora, naturalmente, como cristão novo, eu vibrei com isto. Eu não podia imaginar outra coisa melhor a fazer do que ter alguns momentos á parte com Cristo em companheirismo intimo com ele.

Ele prometeu: "Estarei aqui todo dia de manhã bem cedinho. Encontre-se comigo aqui e começaremos o dia juntos." Assim, manhã após manhã, eu descia para a sala de visitas e ele tirava da estante um livro da Bíblia. Ele o abria e liamos juntos. Ele falava-me das suas riquezas e desvendava-me suas verdades. Aquecia-me o coração ao revelar o seu amor e a sua graça para comigo. Eram horas maravilhosas que passávamos juntos. Na verdade, chamávamos a sala de visitas de "sala de retiro". Era um período quando podíamos juntos ter um tempo tranqüilo separados de tudo mais.

Mas pouco a pouco, pela pressão de muitas responsabilidades, este tempo começou a encurtar. Não sei por que, mas eu pensava que estava atarefado demais para passar um tempo a sós com Cristo. Veja bem, não era proposital; simplesmente aconteceu assim. Por fim, não era apenas o tempo que encurtava, mas comecei até a falhar um dia de vez em quando. Às vezes era época de exames na universidade. Outras vezes era uma outra emergência urgente. Eu falhava dois dias em seguido e muitas vezes mais do que isto.

Lembro-me de uma manhã quando estava com pressa, correndo escada abaixo, ansioso para tomar o meu rumo daquele dia.

Ao passar pela sala de visitas, a porta estava entreaberta. Olhando para dentro, vi um fogo aceso na lareira e o Senhor sentado junto a ela. De repente, consternado, pensei comigo mesmo: "Ele era o meu hóspede. Convidei-o a entrar no meu coração. Ele veio como Senhor do meu lar, e aqui estou eu negligenciando-o." Virei-me e entrei na sala. Com os olhos inclinados eu lhe disse: "Mestre bendito, perdoa-me. Tu tens estado aqui todas essas manhãs?"

"Sim", respondeu. "Eu disse que estaria aqui toda manhã para encontrar com você." Então fiquei mais envergonhado ainda. Ele havia sido fiel apesar da minha infidelidade. Pedi-lhe perdão e ele prontamente perdoou-me, como sempre faz quando estamos verdadeiramente arrependidos.

Ele disse: "0 problema com você é o seguinte: Você tem pensado da hora devocional, do estudo da Bíblia e da oração, como um fator no seu próprio progresso espiritual, mas esqueceu-se que este tempo significa algo para mim também. Lembre-se, eu o amo. Eu o tenho redimido com grande preço. Desejo a sua comunhão. Agora," ele disse, "não negligencie esta hora, nem que seja só por minha causa. Seja qual for o seu desejo, lembre que eu quero a sua comunhão."

Sabe, o fato de que Cristo quer a minha comunhão, que ele me ama, que quer que eu esteja com ele, e ele comigo, e está sempre esperando por mim, tem feito mais para transformar minha hora devocional com Deus do que qualquer outro fato individual. Não deixe Cristo esperar sozinho na sala de visitas do seu coração, mas cada dia ache uma hora para ter comunhão com ele na Palavra de Deus e na oração.

A OFICINA

Sem muita demora ele perguntou: "Você tem uma oficina em sua casa?" Lá no porão da casa do meu coração eu tinha uma mesa de trabalho e algumas ferramentas, mas eu não fazia muita coisa naquele lugar. Vez por outra eu descia até lá e mexia com algumas coisas, mas não estava produzindo nada substancial ou valioso.

Levei-o lá embaixo. Ele deu uma olhada na mesa de trabalho e viu os poucos talentos e habilidades que eu possuía. Disse-me: "A oficina está bem equipada. 0 que você está produzindo com a sua vida para o reino de Deus?" Olhou para uns brinquedos que eu havia montado, ergueu um deles para mim e disse: "Estes brinquedinhos são tudo o que você produz na sua vida cristã?" "Bem", respondi, "é o melhor que posso fazer, Senhor. Sei que não é muito, e na verdade quero fazer mais, mas afinal não tenho habilidade nem forças." "Você gostaria de fazer melhor?" ele perguntou. "É claro", respondi.

"Está bem. Dê-me suas mãos. Agora descanse em mim e deixe o meu Espirito operar através de você. Sei que você é inábil, desajeitado e atrapalhado, mas o Espirito é o artífice chefe e se ele controlar suas mãos e seu coração, irá trabalhar através de você." E então dando um passo para trás de mim e colocando suas mãos grandes e fortes sobre as minhas, guiando as ferramentas com seus dedos hábeis, ele começou a trabalhar através de mim.

Ainda há muito mais para eu aprender e estou longe de ficar satisfeito com o produto que está saindo, mas tenho certeza que qualquer coisa que já foi produzida para Deus é o resultado da sua mão forte e do poder do seu Espirito em mim.

Não fique desanimado porque não é capaz de fazer muita coisa para Deus. Sua capacidade não é a condição fundamental. Ele é quem guia seus dedos, e é dele que você depende. Dê seus talentos e dons a Deus e ele os usará para realizar coisas que ainda o deixarão surpreso.

SALA DE DIVERSÕES

Lembro-me do dia que ele me perguntou sobre a sala de diversões. Eu estava esperando que não me perguntas-se sobre isso. Havia certas ligações e amizades, atividades e diversões que eu queria guardar para mim mesmo. Eu não achava que Cristo teria prazer nelas e nem as aprovaria, e por isto fugia da questão.

Mas chegou uma noite quando eu estava saindo para passear com alguns colegas - eu estava na faculdade aquela época - e ao me aproximar do limiar da porta, ele me deteve com um golpe de vista.

"Você está saindo?"

"Sim", eu respondi.

"Bom", ele replicou. "Eu gostaria de sair com você."

"Ah", eu falei meio desajeitadamente, "não acho, Senhor, que tu realmente gostarias de me acompanhar. Podemos sair amanhã á noite. Amanhã à noite iremos para uma reunião de oração, mas hoje tenho um outro compromisso. "

Ele disse: "Está tudo bem. Só pensei que quando entrei na sua casa iríamos fazer tudo juntos. Seriamos companheiros. Quero que você saiba que estou disposto a ir com você."

"Bem", eu falei, "iremos para algum lugar juntos manhã à noite."

Mas naquela noite passei por momentos horríveis. sentia-me um miserável. Que tipo de amigo era eu para Cristo, quando espontaneamente o deixava fora dos meus relacionamentos, fazendo coisas e indo a lugares que eu sabia muito bem que não lhe agradariam? Quando retornei à casa aquela noite, a luz estava acesa no seu quarto e eu subi até lá para conversar com ele. Eu lhe disse: 'Senhor, aprendi a lição. Não posso divertir-me sem ti, de agora em diante faremos tudo juntos."

Então descemos para a sala de diversões da minha casa e ele a transformou. Introduziu na minha vida o verdadeiro gozo, a verdadeira felicidade, a verdadeira satisfação, a verdadeira amizade. Risos e músicas tem ressoado pela casa desde então.

AQUELE CUBICULO DO CORREDOR

Há ainda mais um assunto que eu gostaria de compartilhar. Um dia encontrei o Senhor esperando na porta por mim. Havia um olhar impressivo nos seus olhos. Quando entrei ele me disse: "Há um odor peculiar nesta casa. Há algo morto por aqui. Está no andar de cima. Acho que esta no cubículo do corredor."

Assim que ele acabou de falar, eu sabia a que se referia. Sim, havia um pequeno cubículo lá em cima no corredor, de pouco mais de um metro quadrado. Naquele quartinho, fechado com tranca e chave, eu guardava uma ou duas coisas pessoais que eu não queria que ninguém descobrisse, e certamente não queria que Cristo visse. Eu sabia que eram coisas mortas e podres. No entanto, eu as amava e as queria tanto para mim que eu tinha medo de admitir que estavam lá. Subi a escada com ele, e enquanto subíamos, o odor tornava-se cada vez mais forte. Ele apontou para a porta e disse: "Está ai dentro: Uma coisa morta"

Fiquei com raiva. É a única maneira que eu posso descrever. Eu lhe havia dado acesso à biblioteca, a sala de jantar, a sala de visitas, a oficina, a sala de diversões, e agora ele estava me questionando sobre um pequeno cubículo de um metro quadrado. Falei comigo mesmo, interiormente: "Isso é demais. Não vou dar-lhe a chave."

"Bem", ele disse, lendo os meus pensamentos, "se você pensa que vou continuar aqui neste andar de cima convivendo com este mau cheiro, está enganado. Vou levar minha cama lá fora para a área. Não posso suportar tal coisa." E eu o vi descendo as escadas.

Depois que você conhece e ama a Cristo, a pior coisa que pode acontecer é sentir a sua comunhão se afastando de você. Tive que me render. "Vou dar-te a chave", eu disse com tristeza, "mas terás de abrir a porta sozinho. Terás de limpar o cubículo. Não tenho força para faze-lo".

"Eu sei", ele respondeu. "Eu sei que você não tem. É só dar-me a chave. Só autorize-me a tomar conta do cubículo e eu o farei".

Então com os dedos tremendo passei-lhe a chave. Ele a tomou da minha mão, andou para a porta, abriu-a, entrou e tirou toda a podridão que estava se decompondo lá dentro e jogou tudo para fora. Depois ele limpou o cubículo, pintou-o, e arrumou-o, fazendo tudo num só momento. Oh, que vitória e liberação ter aquela coisa morta fora da minha vida.

TRANSFERINDO O TÍTULO

Depois ocorreu-me um pensamento. Disse comigo mesmo: "Tenho tentado manter este meu coração livre para Cristo. Começo numa sala mas logo que termino de limpá-la, uma outra já está suja. Começo na segunda e depois a primeira se empoeira novamente. Estou tão cansado e exausto, tentando manter um coração limpo e uma vida obediente. Simplesmente não estou conseguindo". Depois. arrisquei uma pergunta: "Senhor, há alguma possibilidade de aceitares a responsabilidade da casa inteira, para administrá-la por mim e comigo assim como fizeste com aquele cubículo? Aceitarias a responsabilidade de manter o meu coração como deve ser e a minha vida no lugar onde deve estar?"

Vi que o seu rosto se iluminou quando respondeu: "Com toda certeza, pois é isso que eu vim fazer. Você não pode ser um cristão vitorioso na sua própria força. Isso é impossível. Deixe-me agir através de você e por você. Este é o caminho. Mas," ele acrescentou com vagas, "eu não sou proprietário da casa. Sou apenas um hóspede. Não tenho autoridade para prosseguir pois a propriedade não é minha."

Num momento enxerguei a verdade, e caindo de joelhos, eu disse: "Senhor, tu tens sido um hóspede e eu tenho sido o anfitrião. De agora em diante eu vou ser o servo. Tu serás o Senhor." Correndo com a maior velocidade possível, fui à caixa-forte e tirei o titulo ,da casa, que descrevia o ativo e o passivo dela, sua situação e condição. Depois voltando para ele com entusiasmo subscrevi o titulo da casa para ele, para pertencer a ele somente durante todo o tempo e pela eternidade.

"Aqui", eu disse, "está aqui, tudo que sou e que tenho para sempre. Agora dirige esta casa. Vou permanecer aqui apenas como servo e amigo."

Ele tomou a minha vida naquele dia e posso assegurar-lhe que não há outra maneira melhor de se viver a vida cristã. Ele sabe como mantê-la em forma e isso permite que uma paz profunda repouse sobre a alma. Que Cristo venha estabelecer-se no seu coração e que sinta-se à vontade como Senhor absoluto da sua vida.

Referência Bibliográfica: MUNGER, Robert Boyd. Meu Coração - O Lar de Cristo. Disponível em: . Acesso em: <02/09/2010>.
 
Ore e Pense!